Hoje resolvi escrever para falar sobre a "Positividade Tóxica". Porque?
Uma amiga resolveu 'dar uma cutucada' pelo instagram, indicando a leitura de um texto da Forbes que trata do assunto. Li, achei bem interessante, mas na minha compreensão, o texto acaba sendo também um pouco tendencioso ao afirmar, por exemplo, que "a cultura da positividade tóxica exige demonstrar entusiasmo e otimismo mesmo que se esteja passando por situações difíceis. Não importa o que dê errado, você não pode demonstrar ou dizer qualquer coisa que pareça negativa." (Leia mais em: https://forbes.com.br/carreira/2023/07/lideres-com-positividade-toxica-podem-pesar-o-clima-no-escritorio/)
Claro que entendi o que quiseram transmitir, e o fato que, infelizmente, realmente existem locais que 'cobram' por uma postura positiva que não condiz com o ambiente. Porém a forma como foi explanada no texto também deixa algumas dúvidas e ainda inibe pessoas que naturalmente são mais otimistas e positivas (não iludidas).
E já explico aqui.
Já começa pelo próprio termo: Positividade Tóxica. Como algo positivo pode ser tóxico? Sim, existem especialistas para explicar, e até pesquisei alguns, porém acredito que usar deste termo já cria muita confusão. Quem criou o termo foi o psicólogo dinamarquês Svend Brinkman ao criar o livro "Positividade Tóxica - Como resistir à sociedade do Otimismo Compulsivo" como forma de denunciar essa epidemia de positividade forçada, ou seja, algo que não é real, não é verdadeiro, é imposto. E qualquer coisa que não é de verdade, machuca, corrói. Mas o mais interessante é justamente um psicólogo DINAMARQUÊS criar este termo.
Porque?
Porque justamente na Dinamarca criou-se a ideia de um lugar perfeito, onde todas as pessoas são felizes.
Alguém já leu um desses livros? Ambos são bem interessantes, e fala de situações que deveríamos agregar ao nosso dia-a-dia para termos maior qualidade de vida. Coisas simples que muita gente despreza. Mas enfim...
... O fato de um psicólogo dinamarquês discorrer a respeito, indo contra, acredito que é por saber ou ter presenciado situações que não condizem com o que foi propagado sobre a Dinamarca e seu povo feliz. Mas isso é só uma suposição pessoal.
Por isso, em minha opinião, ser positivo É positivo! Desde que se saiba que tudo passa e que é necessário manter-se presente no agora. Aceitando o que não pode mudar, mas pensando em maneiras de melhorar. Não fechando os olhos para os problemas, mas procurando meios de solucionar a estes.
Devemos sim validar nossos sentimentos, sejam eles bons ou ruins, mas também saber onde e com quem expressar. E respeitar o sentimento alheio, seja em ambiente corporativo ou na vida pessoal.
Pessoas positivas são ótimas companhias, mas sim, podem se tornar tóxicas ao não respeitar, ao não usar de empatia e ao diminuir a dor do outro.
"Uma sociedade que nega o sofrimento perde a capacidade de sentir empatia pelas pessoas que o rodeiam" (Marcelo Demarzo, médico fundador e coordenador do Centro de Pesquisa Mente Aberta - Mindfulness e Promoção da Saúde, da Unifesp - Universidade Federal de São Paulo).
Há uma diferença entre positividade e otimismo. A positividade tóxica é uma negação do que está acontecendo, ou ainda de como a pessoa se sente naquele momento. O otimismo é ver o lado bom em cada situação, mesmo em situações difíceis, sem negar o que se sente. E isso é bom.
'Um exemplo prático e atual para entender como aplicar essa sequência: ao se perder o emprego, uma pessoa pode, para evitar a tristeza e o pânico, buscar um consolo na ideia de que já nem estava tão feliz naquele trabalho. Não há nenhum problema em enxergar na demissão uma possibilidade de mudança de carreira, que é algo positivo e motivador. Mas é fundamental lidar com a realidade, sem negar que existe ao menos um lado muito negativo nisso, que é a perda de renda'. “Isso é uma positividade saudável”, afirma Demarzo.
Enfim, ser otimista e positivo é o melhor caminho, desde que se tenha consciência do verdadeiro sentido de ser.
Vou reescrever um comentário de uma psicóloga sobre o assunto:
"Existe um grande equívoco no entendimento da Positividade. No viés da Psicologia Positiva que tem seus estudos bem fundamentados em pesquisas, mostra que ter um modelo mental otimista não é não ver o que é negativo. Mas, encarar o que é negativo de frente, é resolver o que precisa ser resolvido e tirar do desafio oportunidade de aprendizado e crescimento, Não é não olhar para o que é preciso. Ao contrário! É olhar e escutar com humanidade. E considerar que nem sempre estamos bem e tudo bem. Acolher esses momentos faz parte, mas podemos usar de estratégias funcionais para sair deste lugar, regular nossas emoções e usar das nossas forças internas com autorresponsabilidade para resolver o que precisa ser resolvido. Ou aceitar o que não poder ser resolvido ou controlado." (Camila Roxo)
Aproveito para sugerir que assistam ao desenho "Divertida Mente" (A história se passa dentro da cabeça da garotinha Riley, de onze anos, e também fora dela, com todas as questões que circundam sua vida e de sua família. Contudo, os personagens de Divertida Mente que ocupam a Sala de Comando da sua mente são as emoções Alegria, Tristeza, Medo, Nojinho e Raiva).
Embora infantil, dá pra entender bem a importância de se valorizar e viver todos os sentimentos que existem e habitam em cada um de nós.
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