segunda-feira, 25 de novembro de 2024

ISSO É ARTE?

Recentemente, uma banana colada à parede com fita adesiva, obra do artista italiano Maurizio Cattelan, foi leiloada, pasmem, por incríveis 6,2 milhões de dólares...com impostos e tudo mais, algo em torno de 35 milhões de reais!! Obviamente isso gerou incredulidade e críticas de diversos cantos do mundo. Estou do lado das críticas, e já esclareço o porque.

O que leva uma pessoa riquíssima, a pagar esse valor em algo que, além de não ser uma ideia inédita, pode simplesmente ser trocada frequentemente, perdendo seu valor? 

Apresentei em meu instagram, obras anteriores dos artistas Marcel Duchamp, Andy Warhol e Piero Manzoni, além desta acima citada do Maurizio Cattelan. A intenção foi ver o nível de discernimento, observação e conhecimento das pessoas. Claro que, mesmo ministrando aulas de Arte, não sou detentora do conhecimento, e sigo aprendendo continuamente. Mas tenho minhas ressalvas e pontos a colocar.

Primeira observação: se eu postasse qualquer outra coisa envolvendo política, trivialidades e até mesmo coisas aleatórias, a chance de curtidas e comentários seria muito maior. O que me mostra que postar sobre o fato, talvez deixe as pessoas um tanto receosas - por inúmeros fatores -, incomodadas, curiosas e até mesmo alheias ao assunto.

Segunda observação: me mostrou que muitos realmente são intelectualmente crus em relação ao estudo e conhecimento de arte, o que torna o olhar mais frio, crítico e indiferente, fazendo com que a Arte seja cada vez menos valorizada, e fomentando cada vez mais a desclassificação do que ela verdadeiramente representa na vida de qualquer pessoa.

E porque digo isto?

Lá no passado até a atualidade, com as mudanças ocorridas na sociedade, novas manifestações artísticas surgiam como forma de mostrar amor, beleza, encanto, alegria, protesto e insatisfação devido a diversos fatores (envolvendo política, culturas, costumes, guerras, tecnologia...) causando ainda mais desconforto. Afinal mudanças normalmente geram isso.

Assim, cada artista inconformado que surgiu, gerou uma nova obra e nova manifestação através de sua arte, provocando emoções e sensações que fazia com que as pessoas refletissem e críticos questionassem qual a função da arte...e o que necessariamente seria Arte?

Para Da Vinci, a arte era uma expressão dos sentimentos e ideias que deveria imitar ou representar a natureza através de técnicas; para Van Gogh, a arte tinha o poder de tocar as pessoas através de emoções profundas; para Frida, a arte era uma forma de se autoconhecer; para Dalí, a arte era uma forma de transgressão que permitia enxergar o mundo com outros olhos... 

Olhando assim,  para mim, a Arte é emoção e sentimento, que funciona como uma máquina propulsora que nos faz avançar e a seguir em frente. É o que nos mostra como ser cada vez mais sensíveis e humanos, desenvolvendo o melhor que existe em nós, e nos transformando no melhor que podemos ser.

Só que neste seguir em frente, outros artistas foram surgindo e trazendo novas perguntas, novos olhares e novos conceitos à Arte. E assim, O QUE É ARTE virou uma pergunta que perdura até os dias atuais. Para muitos críticos, a Arte é e está em tudo, afinal é aquilo que eu e você entendemos como sendo arte. Por outro lado este tipo de afirmação, tornou a arte, principalmente no período contemporâneo, um pouco sem sentido em muitos aspectos. Afinal, se tudo pode ser considerado Arte, onde está a beleza do que ela desperta e transmite?!

E quando falo de beleza aqui, não necessariamente falo no sentido estético, mas no sentido de causar emoção e bons sentimentos.

Ok. Talvez eu pareça entrar em contradição, afinal, lá em cima afirmei que a arte também também servia (e serve) como forma de protesto e insatisfação, embora nos dias atuais, cada vez menos. E dentro deste contexto, conhecemos o dadaísmo, as 'read mades'e a arte conceitual, que 'nasceram' como uma forma de criticar, satirizar, destruir (no dadaismo, por exemplo, a destruição também é uma forma de criação) e até mesmo desafiar as pessoas a explicar a natureza da Arte. E aqui, começo a explicar a obra, se é que posso chamar assim, de Maurizio Cattelan. 

Na Arte conceitual, a ideia por trás da obra é mais importante do que o material ou a forma como foi executada, assim provocando reflexões e questionamentos. Marcel Duchamp fez isso ao "criar" 'A Fonte', um urinol colocado de forma invertida com uma assinatura que não era dele, somente para questionar o valor da Arte e, me arrisco dizer, testar o conhecimento e curiosidade humana. E conseguiu! Afinal, somente o fato dele conseguir colocar esta obra em um museu, bastou para gerar curiosidade, fotos e muitas críticas. Ele conseguiu visibilidade, mesmo 'inventando' uma assinatura qualquer no objeto.

Andy Warhol também fez um tipo de crítica e sátira semelhantes através de suas obras, como ao usar latas de sopa Campbells e caixas de sabão em pó como inspirações para seu trabalho, como forma de ironizar a cultura materialista e a indústria da época, mostrando o quanto as pessoas eram consumistas.

E, por fim, temos Piero Manzoni, artista italiano como Cattelan, que simplesmente resolveu enlatar suas fezes. É isso mesmo que você leu. Ele "criou" a 'Merda d'Artista', que chegou a ser vendida por cerca de um milhão de libras depois de sua morte! E, a intenção foi sim provocar, causar, questionar e satirizar a arte! E eu poderia citar vários outros artistas modernos e contemporâneos que seguiram o mesmo estilo destes últimos citados.

A diferença, em minha humilde opinião, é que estes artistas citados, realmente fizeram algo diferente, ainda que para provocar e causar reflexões e questionamentos. E isso em suas épocas, sendo coisas verdadeiramente inusitadas e que, por serem conceituais, não foram vendidas. Até porque os artistas do período preocupavam-se mais com a documentação da ideia do que com a execução real.

No decorrer dos tempos, 'bananalizou-se' muito a arte contemporânea, chegando nesta aberração de Cattelan que, de inédita, não tem nada em meu ponto de vista. Ele apenas repetiu, colocando como nova, uma ideia que já nasceu muito antes dele. Ou seja: não é inédita, não faz crítica alguma, satiriza o observador, e o pior: se uma obra não pode ser mudada pelo simples fato de perder seu valor, como considerar essa "Comedian" uma obra de arte, já que a banana na fita nunca será a mesma? O nome da dita ''obra" é Comedian, como citei, e só isso já mostra como o próprio artista faz piada com quem considera arte o que ele fez. Realmente, uma verdadeira comédia...com pitada de tragédia!




sábado, 2 de novembro de 2024

POR QUE SÓ VALORIZAMOS QUEM JÁ ESTÁ NO TOPO?

Bom dia pessoal, tudo bem?

Hoje vim falar um pouquinho sobre isso: 

Por que só valorizamos quem já está no topo? E, afinal, como definir esse "topo"?

Para muitos, essa reflexão pode soar como frustração ou vitimismo, mas quis compartilhar essa sensação por perceber que não é uma experiência isolada, mas uma situação que muitos enfrentam. Em conversas com amigos e conhecidos, escutei relatos semelhantes.

Quando criamos algo novo, seja qual for o campo, ouvimos palavras de incentivo, desejos de sucesso e, especialmente nas redes sociais, promessas de ajuda, divulgação e até de apoio financeiro, no caso de produtos físicos.

Mas, na prática, são poucos os que realmente cumprem essas promessas. E isso não inclui apenas conhecidos distantes, mas muitas vezes até familiares e amigos próximos. Não creio que seja por má intenção; em algumas situações, pode ser distração, falta de oportunidade, dificuldades financeiras ou outras prioridades. No entanto, uma parcela simplesmente deixa de lado. Será que realmente torcem pelo nosso sucesso?

Li uma vez que muitos desejam nosso sucesso, mas não se atentam ao fato de que esse sucesso também depende da ajuda de outros, como tudo na vida. Em muitos casos, amigos e familiares acabam sendo os últimos a oferecer apoio. Não é que não nos queiram bem, mas talvez não acreditem plenamente no nosso projeto, esperem ser beneficiados de outras formas, ou simplesmente não percebam que poderiam contribuir. Diante disso, é importante seguir nossos sonhos sem depender primordialmente desse apoio, evitando decepções.

Essa reflexão pode parecer dura, mas carrega uma verdade.

Ainda assim, por que é tão comum valorizar o trabalho de desconhecidos, enquanto deixamos de prestigiar pessoas próximas? Seria o status, o interesse, ou talvez a esperança de algum tipo de retorno?

Quando celebridades lançam qualquer coisa, elas recebem uma avalanche de curtidas, comentários, e suas criações rapidamente se esgotam. Claro que existe o fator marketing, mas em muitos casos, o prestígio vem principalmente pelo nome e pela fama que já construíram.

E há também os charlatões, que com promessas vazias e boa oratória, vendem qualquer coisa, explorando a confiança das pessoas que compram sem pensar duas vezes. É algo que me faz refletir…

Ao escolher apoiar o trabalho de um amigo, seja adquirindo sua obra ou recomendando-a a outras pessoas, estamos participando ativamente do seu sucesso e mostrando que valorizamos seu esforço. Mais do que palavras de incentivo, o ato de prestigiar e consumir a criação de alguém próximo é uma forma concreta de fortalecer essa pessoa, dando a ela a oportunidade de crescer e ganhar o reconhecimento que merece.

Se um amigo se dedicou a escrever um livro, produzir uma arte ou lançar um novo produto, ele confiou a nós uma parte de seu sonho e do trabalho árduo que investiu. Comprando sua obra, ajudamos diretamente no avanço desse sonho e o encorajamos a continuar sua trajetória. Afinal, o sucesso dele também é motivo de celebração para nós; é um reflexo da nossa rede de apoio e do quanto valorizamos os talentos que temos ao nosso redor.

Apoiar os talentos e conquistas locais é abrir espaço para um tipo de reconhecimento que vai além da fama e do dinheiro; é enxergar o valor único que cada pessoa traz. Profissionais, artistas, empreendedores, ativistas e líderes do nosso convívio têm um impacto verdadeiro, muitas vezes trazendo soluções e inspirações de forma bem próxima, mostrando que juntos podemos melhorar.

Esse tipo de reconhecimento não só fortalece o nosso senso de pertencimento, mas também incentiva novas ideias e projetos, criando uma corrente de apoio que beneficia todo mundo. Mudar o foco para valorizar essas contribuições locais ajuda a construir uma cultura mais inclusiva, onde o valor de cada um não depende da visibilidade, mas sim do que a pessoa traz de único para todos. Assim, criamos um ambiente de igualdade e respeito, onde talentos anônimos e locais se sentem realmente incentivados e valorizados por quem conhece e aprecia seu trabalho de perto.

No fim das contas, apoiar os talentos que conhecemos é um passo rumo a uma sociedade mais equilibrada, onde sucesso não significa necessariamente ser famoso, mas sim fazer a diferença de forma positiva. Isso faz com que cada pessoa passe a enxergar o próprio potencial de contribuir, sabendo que suas ações e esforços serão reconhecidos e respeitados.



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