Faz tempo que não apareço por aqui, e hoje veio a inquietação e a vontade de escrever. Sou feita de devaneios, ideias 'malucas' e vontades que não se encaixam em padrões preestabelecidos. Sou uma sonhadora, sempre fui. E isso nunca foi exatamente simples. Porque o mundo nem sempre sabe o que fazer com quem sonha depois de uma certa idade.
Estou próxima dos 50 anos de idade...meio século de vida, histórias e lembranças. E com tantas coisas já vividas e outras tantas que ficaram pelo caminho, ainda existe em mim essa chama: da inquietação, da esperança e crença que insiste em me fazer acreditar que ainda há muito por vir.
Vivo um dilema constante: vale a pena continuar sonhando? Continuar acreditando em tantas possibilidades. Será que não estou "fora da casinha" querendo mais do que deveria e esperando algo que talvez nunca venha?
Não sei. Há em mim um lugar silencioso que começa a perguntar se está tudo certo em continuar sonhando e acreditando em possibilidades quando a maioria parece se conformar.
Mas e se o sonho for o que me mantém? E se o sonho, mesmo que mude de forma, for o meu jeito de continuar dizendo sim para a vida?
Hoje encontrei uma agenda antiga. Uma agenda que servia como diário, onde eu transportava meus pensamentos, escrevia poesias, desabafava o que o coração tentava abafar. E ao reler algumas páginas, percebí que essa vontade de viver mais, de criar, de reinventar a própria vida sempre esteve aqui, dentro de mim. E é algo que talvez nunca vá embora...
De repente, me vi mergulhada em lembranças que pareciam tão distantes e ao mesmo tempo tão próximas. Ali estavam pedaços de mim que eu tinha esquecido. Sonhos de outras épocas.
50 anos...
Não se trata de negar o tempo, mas de abraçá-lo.
De aceitar que a maturidade não precisa vir com desistência. Posso sim estar bem próxima dos 50 e ainda querer aprender, mudar de caminho, começar de novo, me surpreender...
Talvez eu não veja as coisas como a maioria - e talvez é aí que esteja a minha força.
Não falo de ingenuidade, mas de esperança; não falo de negação, mas de reinvenção.
Meus dilemas não são fraquezas, são provas de que sigo em movimento, refletindo, querendo, buscando.
Realmente...talvez eu não veja as coisas como a maioria, e por isso talvez eu tenha algo único a oferecer.
Ainda sonho...e por isso vivo.
Escrever isso aqui hoje (ainda que pareça maluquice ou devaneio bobo), é de certa forma um ato de liberdade, de fé, de persistência... afinal, ao escrever para mim mesma, me sinto mais leve além de, quem sabe, inspire outras pessoas que também se sentem muito sonhadoras e meio fora do ritmo do mundo.
Enquanto eu sonhar e houver essa vontade de escrever e de repensar a vida, ainda haverá muito o que viver.
No fim das contas, acho que isso seja o maior sonho de todos.
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